Os
desiquilibrios que ocorrem nos ecossistemas naturais causam repercussões na
saúde pública trazendo doenças, sofrimentos, e grandes prejuízos econômicos além de
interromper o progresso em curso.
Sabe-se disto desde a pré-história quando chuvas excessivas ou estiagens
prolongadas causavam milhões de mortes por fome e pragas. Mas naqueles tempos, esses
fatores climáticos eram naturais, independente da intervenção humana.
Atualmente, com a ampliação do poder humano
graças as múltiplas tecnologias a humanidade
conseguiu aumentar geometricamente a produtividade e
o consumo e a exploração humana
sobre o bem natural se agigantou trazendo um desiquilíbrio ao
ecossistema global. Estamos alertados disto repetidamente
pelos cientistas de todo o mundo.
Na história recente do Brasil, a
tragédia ocasionada pelo rompimento da barragem de Fundão em Minas
Gerais, pertencente à mineradora Samarco, em novembro de 2015, segundo
vários especialistas, foi responsável pela subsequente crise de febre
amarela na região sudeste do Brasil, pois a lama tóxica que escorreu
pelo Rio Doce acarretou não só a morte de 16 pessoas, mas a mortandade
total dos peixes que ali viviam e consequente proliferação dos
mosquitos haemagogus que por sua vez contaminaram os macacos silvestres da região, que servem como hospedeiros do plasmodium, o agente etiológico
da febre amarela. Como anos anteriores o mosquito aedes egypti já se encontrava proliferado nesta região transmitindo a dengue, a chikungunya
e a zica, assim está explicado o porquê da epidemia de
febre
amarela na região sudeste do Brasil no ano de 2016 com a
necessária vacinação em massa para esta
infecção.
Outros
casos semelhantes são contados por diversos especialistas, como o da
bacia do Rio Senegal, na África Ocidental, quando em 1987 ocorreu uma
grande epidemia de febre do Vale do Rift, devido a construção de duas
barragens pelos governos da Mauritânia e do Senegal, conforme relatou
Kenneth J. Linthicum e seus colegas, do Centro de Entomologia Médica,
Agrícola e Veterinária do Departamento de Agricultura dos EUA.
Calcular o custo de uma
doença exige considerações complexas e em
geral, as doenças infecto-contagiosas são
analisadas em quatro grandes
categorias de custos: (1) os custos diretos relacionados a
assistência aos pacientes,
(2) a perda de produtividade, (3) a perda relacionada a morte prematura
e o (4) impacto da
evasão de recursos, por exemplo perdas com o turismo.
Tanto a febre amarela, quanto a zica, chikingunya e a dengue possuem
cargas de custos diferentes porém podem ser somados considerando que
possuem o mesmo vetor, o mosquito aedes aegypti.
O Banco
Mundial estimou que somente a infecção pela zica custou aproximadamente US$
310 milhões no Brasil em 2016. Tendo este número, pode-se
estimar que
as citadas 4 infecções virais juntas podem
ter custado por volta de US$
1,3 bilhões de dólares em 2016, que pela
cotação de fevereiro de 2018
chaga-se a cerca de R$ 4,3 bilhões de reais, ao ano.
Considere que
estas epidemias de repetem, há décadas, em todos os
verões, portanto, os impactos econômicos
são gigantes e poderiam ser reduzidos com atitutes
preventivas mais competentes.
O relatório The Lancet Countdown on health and climate change: from 25
years of inaction to a global transformation for public health ,
especialistas detalharam os impactos que a mudança climática já estão
tendo sobre a saúde pública, incluindo o aumento das mortes por
poluição do ar, ondas de calor não sazonais e desnutrição como resultado da perda de
colheitas em regiões mais vulneráveis.
Cortes e queimadas de florestas causam
aumento da
temperatura e afetam a fauna e a flora regional com
repercussões no perfil de doenças e na economia
global.
Especialmente na Amazônia, apesar a legislação
brasileira do controle
de desmatamento ser tão regulamentada, não
foi criado um modelo de prosperidade econômica que
não seja extrativista da
floresta, levando a ineficácia da citada
regulamentação.
As nuvens formadas dos vapores da Amazônia são as que chovem
nas prósperas regiões agrícolas de centro-oeste, sul e sudeste do
Brasil. Portanto, descuidar-se do desmatamento da Amazônia é um “tiro
no pé” e poderá lançar o Brasil num fosso econômico considerando que o
agronegócio é a força motriz da economia nacional.
A crise ambiental da Amazônia, se não
combatida através da prevenção e do
reflorestamento, poderá ocasionar a
africanização climática da América Latina,
pois os dois continentes estão em latitudes semelhantes do
hemisfério sul, porém a África tem o Deserto do
Saara e a América Latina tem a Amazônia. Se isto
não for evitado, a economia do Brasil, incluindo a do
continente, poderá desabar num curto espaço de tempo.
Portanto, o meio
ambiente é fator relevante nas prioridades da saúde pública pois estão
diretamente relacionadas ao bem-estar do ser humano, a sua
produtividade e a economia das nações”.