SAÚDE E MACROECOMIA NO BRASIL - 2020
Izidoro de Hiroki Flumignan
#IzidoroHF #DoutorIzidoro
A pandemia do covid-19 colocou a humanidade frente a frente com a morte e a crise.
O primitivo
vírus SARS-COV2 encurralou os poderosos humanos
para descerem do pedestal.
Porém essa pandemia está sendo
diferente das outras pois marca definitavamente a
transição da economia industrial para a
digital, já anunciada há algumas décadas
mas até então não plenamente efetivada.
Estamos dentro de uma crise de saúde
recheada de desemprego, descapitalização e défict
público.
Do ponto de vista da saúde e macroeconomia, cabe muitas ponderações.
Diante desta pandemia o SUS se mostrou
muito relevante e com certeza nenhum sistema privado de saúde a
suportaria.
Portanto, seja o que o for, o SUS se mostrou como
uma tábua de salvação para todos os brasileiros e
precisará ser espandido em nome da sobrevivência, pois
sabemos que outras pandemias virão, só não sabemos
quando.
As epidemias e endemias continuam nos assombrando, pois a dengue, a zica e a
chikungunya continuam prosperando ano após ano simultaneamente com a obesidade, o diabetes e a hipertensão.
O caminho do SUS pós-covid19 passa pelo binômio "ampliação e otimização"
que significa estender a resolutividade em saúde a cada vez mais
usuários sem aumentar seus custos, uma vez que a economia no
futuro de curto e médio prazo já se anuncia como
defictária no seu macro contexto.
A instalação do Prontuário
Médico Unificado do SUS na internet é o projeto mais
urgente entre todos, que atualmente está timidamente semeado no
e-SUS que pode e deve se tornar o protagonista pois
possibilitará o controle, em tempo real, da epidemiologia
brasileira.
Também, o Prontuário Unificado do SUS pavimentará a estrada da telemedicina
que por sua vez abre as portas das internações
domiciliares pela PSF - Programa Saúde da
Família que por sua vez irá reduzir as
necessidades dos
hospitais.
Desta forma, a telemedicina do SUS poderá se torna o eixo
central da tansformação digital do sistema médico brasileiro.
Além de ser acessado de
qualquer lugar pelos médicos e pacientes, também
reduzirá as perdas por redundâncias de exames
complementares e
reconsultas e poderá ser estendido a Saúde
Complementar, formando assim, um único banco de dados de
saúde no Brasil.
Os gastos médicos afetam fortemente a
balança comercial do Brasil devido sua dependência tecnológica.
Segundo a IMS Health – publicado pelo
Ministério da Saúde, com implemento do Programa da
Farmácia Popular em 2004, fez o Brasil pular do 10º lugar do
mercado farmacêutico global em 2004 para o 4º lugar em 2017.
A indústria
farmacêutica, de equipamentos e próteses tem
estabelecido custos ascendentes em todo o mundo e afetam
primordialmente os países que tem programas de assistência
de saúde gratuita.
Medicamentos, a maioria importados, são
produzidos em toneladas e vendidos em miligramas, um aparelho de
ressonância magnética custa 3 milhões de reais
e um simples stent custa cerca de 20 mil reais.
Portanto, fica
evidente que desenvolver tecnologia médica com
independência e capacitação é vital para o
equilíbrio econômico e soberania de uma nação.
Nos últimos anos muitos governos
estaduais se tornaram compradores de
serviços médicos através da
terceirização das unidades de saúde para as
OSs - Organizações Sociais, como os postos de
saúde e hospitais.
Isto foi largamente implementado no Rio de
Janeiro,
São Paulo e também em outros estados e o que se viu foi
aumento gigantesco
dos custos, cerca de 10 vezes a mais quando comparado se a mesma
unidade fosse administrada pelo estado, além
de currupção e calote que se instalou
nesta relação contratual entre o estado e a iniciativa
privada.
Não obstante, as tercerizações
não melhoraram a resolutividade do serviço
médico, nem a logística dos materiais e insumos, tendo
como efeito colateral a destruição da carreira
dos profissionais
de saúde que sem um plano de cargos e salários
ficaram desmotivados ao trabalho.
Em termos de recursos humanos, a proposta da Carreira
de Estado para o médico é a melhor estratégia
a ser aplicada no SUS pois exige regime de dedicação
exclusiva e promoções por
mérito e antiguidade.
Temos muito a fazer e esse é um dos caminho que podemos prosseguir.
Izidoro de Hiroki Flumignan é
médico, sanitarista pós graduado pela UFRJ e Titulado em
Medicina Preventiva Social pela AMB.