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VIOLÊNCIA URBANA, 

NARCOTRÁFICO E 

DEPENDENTES QUÍMICOS.

Revisado pelo autor em 22/05/18.

“As ações em saúde pública - de regulação da canabis medicinal - podem contribuir mais do que as criminais”.


    A medicina, com as demais ciências e artes, é participante das ações de benefício ao interesse público. É prioridade da sociedade brasileira analisar o conjunto de causas que elevam a violência urbana a níveis insuportáveis nas grandes metrópolis para então delinear um conjunto de medidas eficazes para reduzi-la. Entre as causas históricas, geográficas, econômicas e sociais, destaca-se com relevância as pessoas que sofrem de dependência química.   

    
Em 2016, a Assembléia Geral das Nações Unidas sobre Drogas reconheceu o fracasso do modelo criminal de guerra total às drogas instituído na década de 70. Tal política criminalística propiciou o crescimento de negócios criminosos e aumento do número de dependentes quimicos em todo o mundo, com ênfase ao ocidente.  Yuri Fedotov, diretor executivo da UNODC - United Nations office on Drugs and Crime - disse:  

"Temos que colocar as pessoas em primeiro lugar".

    Com esta afirmação, a ONU passou oficialmente recomendar que o dependente químico precisa ser visto com os "olhos da cidadania" e não de exclusão.

    Trazendo então esta perspectiva ao Brasil, a política sobre drogas através da lei 11.343, de 2006, que tomou a direção certa de proteger o usuário e concentrar a repressão no traficante não foi eficaz por falta de parâmetros objetivos para definir o viciado do traficante, pois não estabeleceu a quantidade exata, no caso, da maconha que possa ser portada sem crime. Alguns países, como Portugual, estabeleceram 25 gramas e outros também o atrelaram a um atestado médico controlado, como no caso de alguns estados dos EUA. O Uruguai optou por regulamentar, mesmo de forma liberal, toda a produção, comércio e consumo, sob a tutela do estado. 

    Mas o cerne da discussão pública é decidir sobre o tipo de regulamentação a ser instituída no Brasil, sem ferir a cultura enraizada da proibição criminal e ao mesmo tempo atender os aspectos médicos que se torna urgente em todo o mundo.

    Atualmente, as famílias brasileiras com um dependente químico estão desamparadas pois são clientes dos narcotraficantes armados para manter seus milionários negócios. Os jovens dependentes químicos estão marginalizados e acabam por se tornarem pequenos assaltantes para sustentar sua dependência e acabam nas penitenciárias.

    A Human Rights Watch, em 2005, apontou que 9% da população carcerária respondiam por crimes relacionados a drogas. Em 2014, já eram 28%. Afirma-se que a grande maiores deles foi apanhada com pequenas quantidades de drogas, que não justificariam a prisão.  Em 2015,
os números do o senso penitenciário - INFOPEN - do Ministério de Justiça, mostraram que 55% dos detentos têm entre 18 a 29 anos, a maioria por porte de drogas e/ou pequenos furtos.

"Então, uma das principais causas da violência urbana pode ser reduzida através de ajustes do "sistema legal" e do "sistema de saúde", com menos intervenção policial,  pois o dependente químico é um doente e não um criminoso".  

    
As leis atuais não contemplam o sistema médico nas ações antidrogas do Brasil, tanto que o Ministério da Saúde não estabelece prioridade a este grave problema, tratando-o de maneira precária inclusive sem qualquer campanha preventiva para se evitar o uso das drogas.

    Não o faz pois o CONAD - Conselho Nacional de Política sobre Drogas - está na tutela da pasta do Ministério da Justiça e não do Ministério da Saúde.  Desta perspectiva, o primeiro promove o incremento do estigma e o segundo a ampliação do olhar. 

     
    As famílias abastadas levam seus filhos aos psiquiatras e aos psicólogos enquanto as famílias de classe média, não conseguem o mesmo devido aos dispendiosos tratamentos de longo prazo, ficando totalmente desamparadas. 

    Se todas as famílias puderem ter a oportunidade do tratamento médico público de dependência química é uma via relevante para reduzir a violência urbana. Protegido sob o tratamento médico o dependente químico poderá se eximir das medidas criminais.  


    O tratamento da dependência química necessita de uma equipe multidisciplinar de saúde mental. O tratamento deve estender o direito as internações em clínicas de reabilitação voluntárias e compulsórias, incluindo hospitais-dia e hospitais-noite. Com isso, os dependentes químicos terão maiores chances para uma vida produtiva e a sociedade se torna mais solidária e menos violenta. 

       Só no bairro da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, o comércio das drogas pelos traficantes está estimado de 10 milhões de reais por mês (dados publicados pelo O GLOBO em 2018) proveniente da venda de maconha e cocaína. Então, se  estimarmos que cada dependente químico gaste, em média, R$ 100,00 (cem reais) por mês, esse cálculo pressupõe a existência de cem mil dependentes químicos que fazem suas compras mensais nas bocas da Rocinha
Estima-se que 80% do faturamento do tráfico vem da maconha e sua legalização poderá reduzir fortemente o poder econômico deles.

    Mais de 1,5 milhão de brasileiros consomem maconha todos os dias, segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) realizado em 2012 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo o estudo, 3,4 milhões de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga em 2011 e 8 milhões já experimentaram maconha alguma vez na vida – o equivalente a 7% da população brasileira.

    A erva da maconha, como atualmente é consumida, é nociva ao cérebro, porém genericamente menos do que o tabaco e o álcool. Por isso campanhas de prevenção do uso da maconha, tabaco e álcool precisam ser massivamente instituídas.  

    A ciência tem demonstrado sucessivos benefícios da canabis medicinal para muitas doenças neuropsiquiátricas. Tantas foram as comprovações científicas, que a ANVISA - Agência de Vigilância Sanitária regulamentou em 2016 o uso do canabidiol no Brasil, autorizando a sua importação, considerando que a produção em território brasileiro continua proibida.

    Mães que precisam do canabidiol para tratar seus filhos que sofrem de doença convulsiva que não respondem a medicação comum, se reuniram em associações para produzirem a medicação no Brasil sob hábeas corpus, considerando que a importação dos EUA custa por volta de 2,5 mil reais por mês, sendo mais um fármaco a causar perdas de divisas brasileiras.

    Portanto, regulamentar a produção e a comercialização d
canabis medicinal no Brasil se torna uma estratégia nacional de saúde pública já endossada pela Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz.

    O uso recreativo da maconha está mal conduzida pelos regulamentos nacionais pois sua condição criminal exige a formalização do Boletim de Ocorrência Policial e atualmente nem a lei ou a jurisprudência estabelecem a quantidade da maconha que poderia ser portada para diferenciar o usuário do traficante, ficando e delito fica dependente das circunstâncias do flagrante que é descrito pelo policial, desfavorável para os que moram nas periferias mais pobres e sem advogados.

   
   Chegou a hora do Brasil regulamentar o ciclo produtivo e uso da canabis medicinal atrelada a supervisão médica que garanta a manutenção do tratamento das pessoas excluindo-as do crime se faz urgente, inclusive para reduzir a violência urbana, a população penal e os negócios do narcotráfico.    

    Desta maneira, a sociedade brasileira poderá expandir sua assistência aos dependentes químicos através da canabis medicinal e não como políticas meramente liberalistas. 

    Com esta visão, o apoio da opinião pública se fará presente e simultaneamente ocorrerá o enfraquecimento do narcotráfico e da violência urbana.

    
 
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Leia o artigo publicado na revista,
 revisado pela jornalista Silvia Pereira: arquivo PDF


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